Caminho sem volta
A pandemia de coronavírus colocou o mundo num caminho até então desconhecido. Novos perigos, novos hábitos e, em muitos casos, uma nova maneira de se consumir. Obviamente, o capitalismo não vai morrer por ter sido infectado, mas muita gente está repensando o seu modo de vida. Na indústria dos cosméticos, um caminho já parece mesmo não ter volta: o dos cosméticos sustentáveis.
O segmento é um dos que mais cresce e, com a pandemia, pode até chegar a um “boom”. Muito bom para o planeta, mas será também positivo para a economia? Saúde e sustentabilidade parecem ser preocupações que ganharam ainda mais destaque por conta do Covid-19 na cabeça dos consumidores. Essas duas coisas se juntam nos chamados produtos responsáveis.
Ingredientes naturais, produtos que não usam testes em animais (cruelty free), baixo teor de aditivos e conservantes, trabalho socialmente responsável e ecologicamente correto são qualidades cada vez mais procuradas pelos consumidores de cosméticos. Eles também estão atrás de empresas que usam embalagens recicláveis ou feitas com material biodegradável, sendo que muitos acabam decidindo pela compra justamente por causa desses dois quesitos.
Mas, será que já é fácil se encontrar cosméticos sustentáveis no Brasil?
Para poder ser classificado como sustentável, um cosmético precisa utilizar ingredientes naturais, com produtos vindos de agricultura orgânica, respeitando o meio ambiente, sem ter sido testado em animais, com embalagens reutilizáveis, recicláveis ou com política de refil. Não podem, ainda, ter conservantes derivados de petróleo, por exemplo, nem conter substâncias tóxicas, aditivos ou fragrâncias sintéticas. Ter certificações de que o produto é autenticamente sustentável também é um dos fatores que o diferenciam de outros cosméticos similares. Ou seja, são muitas exigências.
Gigantes como a alemã Welleda, líder europeia em produtos de beleza orgânicos, já está bem adiantada nessa nova onda. A francesa L’Oreal e a anglo-holandesa Unilever ainda buscam caminhos mais claros. Isso, quando se trata das grandes marcas do setor, então, se pode imaginar que o caminho não é mesmo fácil e nem simples.
No Brasil, alguns “pequenos” estão dando o exemplo de como ser sustentável nesse mercado. É o caso da vegana Alva Brasil, pioneira no país, e da Livealoe, de Goiânia, que produz fitocosméticos numa chácara da família. Dois negócios que já nasceram com uma proposta sustentável e se destacam no país, mesmo que modestamente.
Mas, com ou sem pandemia, a tendência dos consumidores em buscarem esse tipo de produto deve alavancar o mercado para os próximos anos. Então, o jeito é as empresas começarem a diversificar suas linhas com produtos “verdes”, sob pena de se perderem num caminho que já não tem mais volta!